Renault Megane e-Tech: Um Belo Projeto Europeu que Não Conquistou o Brasil
- Roney Oliveira
- 9 de jun.
- 3 min de leitura

O Renault Megane e-Tech chegou ao Brasil em 2023 como um símbolo da transição elétrica da marca francesa. Com design futurista, tecnologia avançada e desempenho refinado, ele prometia revolucionar o segmento. No entanto, apesar de seus méritos, o modelo enfrenta vendas pífias.
Nesta análise, exploramos os paradoxos que cercam esse veículo.
- Vantagens: O Melhor da Engenharia Francesa
1. Design e Inovação: O exterior é um ponto alto do Megane e-Tech. Apresenta estética futurista com linhas fluidas, faróis LED 3D, maçanetas retráteis e rodas de 18", conferindo um visual de carro conceito. O interior possui acabamento com materiais reciclados, tela de 9 polegadas, painel digital de 12,3" e retrovisor com câmera central com câmera (algo que já vimos no Nissan Leaf).
2. Desempenho e Eficiência: a motorização, com 220 cv e 30,6 kgfm de torque, garante 0 a 100 km/h em 7,4 segundos (em nossos testes, pareceu mais rápido). A Autonomia é de 337 km (ciclo Inmetro), com bateria de 60 kWh. Em uso real, relatos indicam cerca de 400 km em ambiente urbano. Permite recarga rápida em carregadores DC (130 kW) com 15% a 80% em 36 minutos.
3. Tecnologia e Segurança: Temos aqui piloto automático adaptativo, alerta de colisão, frenagem autônoma e 7 airbags (incluindo um central entre motorista e passageiro). Completam o pacote frenagem regenerativa com modos ajustáveis via borboletas no volante, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e câmera de ré (esta é apenas razoável, ficando abaixo dos rivais no segmento).
- Desvantagens: Os Erros que o Mercado Brasileiro não Perdoa
1. Preço de Lançamento Proibitivo: Lançado a R$ 279.900, o Megane e-Tech custava quase R$ 50 mil a mais que concorrentes como BYD Yuan Plus e muito próximo do Volvo C40 (um modelo premium). O desconto agressivo (até R$ 80 mil), que foi aplicado posteriormente, parece ter chegado tarde demais e o timing foi perdido. Fica aí a lição para a Renault e outras montadoras: Não cresça demais o olho na entrada do produto no mercado, pois isso pode transformar seu carro em um mico, mesmo um sendo um bom produto!
2. Falta de Itens Premium: Bancos em tecido, muito plástico duro no acabamento das portas, ajuste manual do assento do motorista, enquanto TODOS os concorrentes são elétricos, e ausência de teto solar são críticas comuns para um carro nessa faixa.
3. Infraestrutura e Suporte: Nem todas as concessionárias no Brasil estão aptas a fazer manutenção da linha E-Tech, limitando o acesso. Além disso, os 3 anos de garantia de fábrica estão bem aquém da concorrência chinesa.
Conclusão: Por Que Não Vende?
O Loucos por EV teve a oportunidade de testar o Megane e-Tech e pode comprovar tratar-se de um carro multo bem construído. A direção elétrica é agradável e a suspensão bem calibrada para nossas ruas. A aceleração muda consideravelmente de acordo com o modo direção selecionado, sendo bem manso no modo ECO e bastante ágil no modo Sport (empurrando o corpo contra o banco). A multimidia não é muito intuitiva, o isolamento acústico está alinhado com o segmento, assim como o sistema de som.
Porém, os pecados realmente comprometem: os bancos em tecido não foram uma boa escolha, pois, brasileiro, em geral, adora couro (e nós estamos entre estes). É o único carro elétrico vendido na faixa de R$ 200 mil que não tem ajuste de bancos elétricos
Por fim, o erro na precificação inicial e uma propaganda pobre sentenciaram o carro ao ostracismo. Em outro texto do Loucos por EV já discutimos como a GM está cometendo o mesmo erro com a Blazer EV e o Equinos EV.
Mas, não achamos que tudo está perdido. Por se tratar de um carro muito bem construído, a nossa análise é de que os principais problemas do Megane e-Tech são passíveis de correção, desde que a Renault tenha real interesse em marcar presença forte (e não apenas figurativa) no mercado de EVs brasileiro.
E aí? Concorda que o Megane e-Tech tem salvação no Brasil?
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